28 ago Brasileiros estão mais conscientes em relação ao consumo, indica MMA
Pesquisa do Ministério do Meio Ambiente compara duas décadas de percepção das pessoas sobre temas ambientais e relacionados ao consumo sustentável.
Vinte anos depois do primeiro estudo, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) apresentou, no dia 16, os dados comparativos de todo o período (1992 a 2012), que indicam evolução na consciência ambiental do brasileiro. Neste ano, os resultados da pesquisa “O que o brasileiro pensa do meio ambiente e do consumo sustentável” mostram um retrato sobre o tema e apontam tendências que vão colaborar com as próximas políticas públicas de meio ambiente.
“O ministério participou de todo o processo, desde a elaboração das perguntas até o treinamento dos profissionais que aplicaram a pesquisa”, afirmou a secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental, Samyra Crespo. “Inclusive, verificamos a aplicação dos questionários. Queremos seriedade e confiabilidade nos dados”.
A pesquisa aponta que 85% da população estão dispostos a aderir à campanha de redução do uso de sacolas plásticas. E, onde há campanha, 76% aderiram a ela. “Para o MMA, as sacolas plásticas são um flagelo ambiental”, frisou Samyra Crespo durante a coletiva de imprensa desta quinta-feira. Ela destacou o aspecto poluidor das sacolinhas, além do perigo de morte que elas representam para os animais.
Principais números
• Em 20 anos, diminuiu consideravelmente o número de brasileiros que não sabe identificar os problemas ambientais: de 47% foi para 10%. Ou seja, a percepção do brasileiro sobre meio ambiente quadruplicou neste período.
• 28% dos brasileiros se orgulham do Brasil por causa do meio ambiente (natureza)
• Sobrevivência é o que motiva o cuidado com o meio ambiente.
• Entre os problemas ambientais do Brasil apontados pelos entrevistados, o lixo subiu de 4%, em 1992, para 28%, em 2012.
• Separação do lixo: 48% dos brasileiros dizem que separam. 30% levam sacola própria ou carrinho para fazer compras e evitam sacolas plásticas. 76% aderem à redução de sacolinhas plásticas.
• A Região Sul é campeã em consciência ambiental. 55% sabem o que é consumo sustentável por lá. 80% separam o lixo.
• Houve uma descentralização sobre a percepção do brasileiro em relação a quem tem a responsabilidade de solucionar os problemas: governo estadual dobrou (de 33 a 61%), prefeituras subiu (30 a 54%) e comunidade aumentou (15 a 21%). Mas a noção de que cabe ao governo cuidar do meio ambiente ainda se sobressai à responsabilidade individual e coletiva.
• Na média nacional, 34% sabem o que é consumo sustentável.
• O consumo de orgânicos cresce. Vinte anos atrás, só se encontravam produtos sem agrotóxicos em feiras e mercados especializados. Hoje, muitos supermercados já oferecem essa opção.
Conclusões
• Quanto mais urbano e escolarizado, mais consciente o brasileiro é das questões ambientais.
• A pesquisa mostra que conceitos sofisticados como “desenvolvimento sustentável”, “consumo sustentável” ou “biodiversidade” já fazem parte do repertório de muitos brasileiros.
• A Política Nacional de Resíduos Sólidos e a campanha Saco é um Saco ecoam junto à população.
• Nesses 20 anos, os jovens entraram no ranking da consciência ambiental. Este dado já é resultado do trabalho que vem sendo desenvolvido. Atualmente, todas as faixas etárias estão no ranking.
• Há uma diferença muito grande em relação ao Sul e Sudeste e outros estados.
• A maioria dos brasileiros ainda tem uma visão naturalista sobre desenvolvimento sustentável. A ideia dos três pilares (ambiental, social e econômico), base do desenvolvimento sustentável e mote da Rio+20, precisa ser trabalhada mais.
• No geral, os brasileiros ainda possuem hábitos prejudiciais ao meio ambiente, sobretudo na hora de descartar o lixo (fase chamada de pós-consumo).
• Os brasileiros não consideram a preocupação com o meio ambiente no Brasil exagerada e não estão dispostos a ter mais progresso às custas da depredação dos recursos naturais.
Histórico
Em 1992, a primeira pesquisa da série foi intitulada “O que os brasileiros pensam da ecologia”. Até então, não havia pesquisa completa na área, apenas dados encomendados por empresas sobre a poluição nas cidades. De lá para cá, foram cinco edições. Em cada uma, foram explorados os “temas quentes” do momento. Em 2006, por exemplo, ano da COP8, a pesquisa incluiu questões ligadas à biodiversidade. Este ano, a pesquisa focou em consumo sustentável, um dos principais temas da Rio+20.
A pesquisa teve sempre o mesmo formato: uma etapa qualitativa e uma quantitativa. A etapa qualitativa desta edição foi realizada com o apoio de empresas do ramo de alimentos e varejo – Pepsico, Unilever e Walmart – e a etapa quantitativa foi apoiada pelo Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente (PNUMA) e executada pela empresa de pesquisa CP2, por meio de processo licitatório.
Enquanto a etapa quantitativa ouve a opinião dos brasileiros em todas as regiões do país, e é representativo da população adulta com mais de 16 anos residentes em domicílios rurais e urbanos, a pesquisa qualitativa ouve os “formadores de opinião”.
Para acompanhar e validar as atividades relacionadas à pesquisa, foram convidados especialistas na área de consumo e meio ambiente, ligados a centros de pesquisas das principais universidades do país e do MMA para compor um comitê técnico-científico. Helio Mattar, diretor-presidente do Akatu, foi um dos participantes desse comitê.
Fonte: Akatu