24 maio Construção civil depende de evolução
Inovação tecnológica chega ao canteiro de obras e a tentativa é diminuir custos e aumentar a eficiência do setor.
Tornar a construção civil menos artesanal e dependente da eficiência de cada operário na obra está entre os objetivos de novos métodos construtivos que estão sendo utilizados pelos construtores. No entanto, “industrializar” a construção civil, usando sistemas construtivos que dependem menos da eficácia da mão de obra e, de quebra, tornem a atividade mais rápida e barata exige investimento inicial das empresas envolvidas no processo.
A industrialização da construção veio junto com a retomada da construção civil. A partir de 2008, o número de lançamentos e vendas de unidades disparou e a necessidade de usar métodos mais eficientes para construir ficou evidente para os construtores. “As construtoras precisaram mudar de patamar, passaram a ir atrás de novos sistemas”, indica Normando Baú, presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Paraná (Sinduscon-PR).
Para a profusão dos sistemas, Baú defende que o governo federal ofereça linhas de crédito mais atrativas para os construtores. “Uma medida dessas deixaria os construtores mais animados para investir em inovação. Esse processo seria facilitado”, assegura. Conforme explica o presidente do Sinduscon, a abundância de gruas e outros equipamentos nos canteiros são um indicativo de que as empresas estão usando os sistemas novos.
“No entanto, para uma empresa usar um sistema de bloco de concreto, por exemplo, precisa de uma grua ou um elevador de obra, que custam caro. Um bloco não pode ser levado no carrinho de mão e o aluguel de uma grua, por exemplo, custa R$ 40 mil por mês”, compara Bianchi.
“Para tornar a atividade mais eficiente e, a longo prazo, mais barata, precisamos de investimentos iniciais, em tecnologia e na especialização de quem trabalha na obra. O primeiro passo é investir alto, em equipamentos também”, comenta Maurício Bianchi, coordenador do Programa de Inovação Tecnológica (PIT) da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Ele defende que o primeiro passo será desembolsar dinheiro. “As empresas vão começar a usar os novos sistemas e terão de trabalhar com tentativa e erro até ultrapassar a curva de aprendizado”, explica. Para ele, a melhor maneira de implantar os sistemas construtivos será convencendo os empresários que o custo maior será a curto prazo. “Nenhum sistema construtivo teria sido implantado comercialmente se custasse mais caro”, afirma.
De acordo com Bianchi, o trabalho da CBIC para alavancar o uso de novos sistemas construtivos está sendo de convencimento de empresários e construtores. “Alguns administradores ainda estão reticentes com novos sistemas, porque a implantação exige investimento. Mas com boas práticas e alguns exemplos que temos, há mais espaço para esse processo de industrialização da construção”, comenta.
A utilização de sistema construtivo tradicional ou mais avançado vai depender de cada tipo de obra. “Como é preciso investimento, os empresários precisam pensar se vão precisar desse desembolso maior de recurso, que costuma ser feito em obras maiores. Se você vai fazer duzentas unidades que dependem de repetição, é interessante usar blocos ou paredes moldadas in loco. Do contrário, não adiantaria fazer uma forma de alumínio, que é cara, se cada unidade for diferente”, exemplifica Alexsander Maschio, gerente da Associação Brasileira de Cimento Portland no Paraná (ABPC-Sul). Para ele, o uso dos sistemas mais modernos vai depender do tamanho da obra e da quantia de repetições que serão feitas no canteiro.
Eliminar problemas posteriores da construção também está entre os motivos do uso de sistemas mais modernos. Segundo Baú, a utilização de sistemas construtivos têm minimizado problemas nas construções. “Ainda não temos estimativas, mas eliminando a questão manufatureira, teremos mais confiança no produto. Como ninguém constrói pensar em refazer ou reformar, a industrialização deve tomar conta do setor”, diz.
Taiana Bubniak
Fonte: Gazeta do Povo