Construtoras redesenham imóveis para idosos

Construtoras redesenham imóveis para idosos

DIEGO ZERBATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O envelhecimento da população brasileira também está movendo o mercado imobiliário. Se já tinham, em sua grande maioria, opções de lazer para crianças e adolescentes, os novos condomínios agora trazem facilidades para idosos.

Foi a partir de uma experiência na Pompeia (zona oeste de São Paulo), em 2008, que a Tecnisa desenvolveu o projeto para maduros. A intenção era fazer um condomínio para recém-casados com filhos, mas as vendas revelaram outro tipo de proprietário.

“Vimos que 15% dos compradores eram pessoas acima de 55 anos. A gente está acompanhando essa curva do envelhecimento da população, e é bom perceber que não é uma fatia irrelevante do mercado”, diz a gerente de projetos Patrícia Valadares.

Para direcionar a construção dos novos condomínios, a empresa reuniu geriatras, gerontólogos (estudiosos da vida idosa) e arquitetos especializados em design universal, que faz adaptações para garantir o acesso para pessoas com limitações de movimento em imóveis residenciais e comerciais.
ADAPTAÇÕES

As alterações acontecem dentro dos apartamentos e nas áreas comuns. A instalação de interruptores mais baixos e tomadas mais altas para diminuir o esforço para abaixar e levantar, o uso de maçanetas em forma reta a fim de facilitar a abertura das portas e a instalação de pisos de mesmo padrão para evitar desníveis são algumas das mudanças nas casas.

Nos espaços do condomínio, escadas das piscinas foram construídas em alvenaria e com corrimão, barras de alumínio identificam vidros dos prédios e até o porcelanato, usado por diversos lançamentos, foi substituído. “Trocamos por madeira porque a luz reflete no chão e pode provocar acidentes para quem tem problemas de visão”, diz Valadares.

Com o conceito, foram lançados dez prédios no bairro do Marapé, em Santos (a 72 km de São Paulo), conhecida por ser a escolha de muitos aposentados para morar após sair do trabalho. No total, são 1.627 apartamentos: oito blocos com dois quartos, previstos para junho de 2012, e outros dois, de três dormitórios, que devem ficar prontos um ano depois.

Uma das compradoras é a secretária executiva paulistana Elizabeth Henriques, 59, que se mudará para o litoral com o marido quando se aposentar, em busca de melhor qualidade de vida. “Esperamos ter vizinhos de nossa faixa etária ou próxima a ela. Gostamos de prosa e mais ainda com pessoas da mesma idade.”

ACESSO PARA TODOS

Em Suzano e Mogi das Cruzes (Grande São Paulo), pesquisas de mercado levaram a J. Bianchi a construir dois prédios com design universal em 2008. Com a venda dos edifícios, foram lançados outros dois condomínios nessas cidades em 2010. Segundo a construtora, já foram negociados 70% dos apartamentos.

“Percebemos uma aceitação maior entre proprietários mais velhos e tivemos até cadeirantes que escolheram o prédio por causa das mudanças”, afirma a gerente de projetos Juliana Tartaglia.

Além das adaptações das construtoras para esse público, entidades de assistência a idosos também começaram a fazer condomínios dedicados a essa faixa etária.

Em São José do Rio Preto (a 438 km de São Paulo), a Agerip (Associação Geronto-Geriátrica de São José do Rio Preto) criou um condomínio destinado para maiores de 55 anos. A entidade oferece o terreno e a ajuda de um engenheiro especializado em casas para idosos para a construção de chalés, que é pago pelo comprador.
De acordo com a entidade, um título, que custa R$ 15 mil, dá direito ao usufruto eterno da casa. A associação afirma que 40 residências já têm moradores, enquanto outras 63 serão construídas.

CUIDADOS NA SUA CASA

Banheiros: a instalação de barras de apoio nos vasos sanitários e no box facilitam a locomoção. Para ajudar a abrir as torneiras e o chuveiro, o uso de registros monocomando ou com pontas, que podem girar para águas quente, morna e fria, ameniza a abertura do chuveiro.
Maçanetas: os modelos de alavanca devem ser adotados, pois são mais fáceis de abrir que os redondos (ou bolinha), que precisam de mais força nas mãos para girar.
Pisos: evite os pisos brilhantes e que precisam ser encerados. Além do risco de escorregar, a luz pode refletir no piso e dificultar a visão dos mais velhos. Prefira pisos de madeira e cerâmicas foscas. Evitar também os ressaltos entre os pisos dos cômodos.
Portas: prefira as de correr, pois exigem menos força para abrir. Os espaços de passagem também devem ser maiores, pelo menos com 80 cm de vão livre, para garantir a entrada e saída sem problemas com acompanhantes ou aparelhos como cadeira de rodas e andadores.
Interruptores e Tomadas: os botões devem ser mais baixos que o normal, com, no máximo, 1 metro de altura, a fim de minimizar o esforço. Pelo mesmo motivo, a tomada deve ser mais alta. A regra também pode ser aplicada para descargas e registros.

DIEGO ZERBATO participou da 52ª turma do programa de treinamento em jornalismo diário da Folha, que foi patrocinado pela Philip Morris Brasil, pela Odebrecht e pela Syngenta.

Fonte: Folha Online