23 set Existe lacuna entre políticas e ações de sustentabilidade empresarial
A plataforma United Nations Global Compact lançou na última semana seu Relatório de Sustentabilidade Corporativa 2013, que fornece um panorama das ações tomadas pelas empresas para incorporar a sustentabilidade e outras práticas responsáveis em suas estratégias e operações. Infelizmente, o documento deste ano sugere que ainda há uma grande diferença entre os planos de sustentabilidade desenvolvidos e sua efetiva implementação.
O relatório foi baseado em pesquisas feitas com cerca de duas mil companhias em 113 países, e sugere que, embora muitas companhias estejam definindo metas e estabelecendo políticas de sustentabilidade, ainda falta muito para incorporar completamente essas práticas nas organizações e cadeias de suprimentos.
Para se ter uma ideia, 65% das firmas entrevistadas nas pesquisas têm políticas de sustentabilidade desenvolvidas pela presidência ou diretoria executiva, mas apenas 35% dos gerentes de treinamento integraram a sustentabilidade em estratégias e operações empresariais.
Porém, a sustentabilidade ainda é uma das questões mais abordadas pelas avaliações de risco. Cinquenta por cento das companhias pesquisas desenvolvem avaliações de risco sobre o meio-ambiente, em relação às 21% que o fazem sobre direitos humanos, 36% sobre direitos do trabalho e 25% sobre corrupção no trabalho.
Ainda assim, dos cerca de mil diretores executivos entrevistados, mais de dois terços acreditam que as empresas não estão fazendo o suficiente para lidar com os desafios globais de sustentabilidade e a maioria acha que mais incentivos são necessários para estimular as companhias que ainda não adotaram esses critérios em suas práticas.
Desses executivos, 93% afirmaram que questões ambientais, sociais e de governança são importantes para o futuro de seus negócios, e 78% veem as práticas de sustentabilidade como uma forma de crescimento e inovação, enquanto 79% declararam que essas práticas são uma vantagem competitiva em sua indústria.
Mas embora 84% tenham dito que o setor empresarial deveria liderar o caminho na busca pela sustentabilidade, a maioria afirma que a redução nos recursos financeiros, a ambivalência dos clientes e o não desenvolvimento de um plano de negócios são as principais barreiras para se avançar nesse aspecto.
As finanças, aliás, foram identificadas como o principal obstáculo por mais de metade dos participantes da pesquisa, e 40% deles comentaram que condições econômicas ruins estão dificultando a adoção da sustentabilidade em seus negócios.
O documento aponta também que quase dois terços dos executivos não sabem quantificar o valor da sustentabilidade nos negócios, o que também é visto como um grande impedimento para o progresso das práticas sustentáveis.
As cadeias de suprimentos também estão entre os principais desafios que as firmas enfrentam na tentativa de melhorar seu desempenho em sustentabilidade. Embora cerca de 83% das empresas considerem aderir aos princípios da Global Compact para fornecedores, apenas 18% ajudam esses fornecedores a definir e rever metas nesse sentido.
Os executivos também sugerem que as empresas tiveram pouco progresso em convencer os consumidores de que a sustentabilidade é algo essencial, e quase metade acredita que os consumidores sempre considerarão a sustentabilidade um fato secundário, principalmente em relação ao preço, qualidade e disponibilidade.
Por fim, a pesquisa também indica que as companhias estão buscando auxílios governamentais para terem progresso no quesito sustentabilidade, e 85% dos entrevistados querem políticas e sinais de mercado mais claros para apoiar o crescimento verde. Outros 55% pedem que regulamentações e padrões sejam priorizados e 43% querem mais subsídios e incentivos.
“Não podemos chegar a um futuro mais equitativo, próspero e sustentável sem o engajamento e soluções das empresas. As Nações Unidas estão comprometidas a aprofundar sua colaboração com o setor privado e avançar no movimento de responsabilidade corporativa. Peço que mais companhias ao redor do mundo se juntem à UM Global Compact, e estimulem uma revolução da sustentabilidade nos mercados e sociedades pelo mundo”, ressaltou Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, no relatório.
Por Jéssica Lipinski
Fonte: Instituto Carbono Brasil