17 set Governo deve concluir até fim do ano proposta de unificação do ICMS
Ricardo Leopoldo, da Agência Estado
SÃO PAULO – O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, disse que está no foco da administração da presidente Dilma Rousseff a adoção de medidas que vão na direção de reduções tributárias. “O governo deve concluir até o final do ano uma proposta de unificação do ICMS”, destacou. Ele também ressaltou que a reforma do PIS-Cofins também está em estudo pelo Poder Executivo.
Barbosa ressaltou que a unificação do ICMS não é uma questão fácil, pois pressupõe o consenso e acordo entre todos os estados da federação. “Mas acredito que essa questão deverá avançar”, destacou.
Em fórum promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo, nesta segunda-feira, 17, Barbosa afirmou também que o governo está atento aos eventuais efeitos que a terceira edição da política de afrouxamento quantitativo (QE 3, na sigla em inglês), que o Federal Reserve adotou nos Estados Unidos.
“Vamos observar como isso pode nos atingir. São US$ 40 bilhões por mês que tendem a ficar boa parte restrita à economia americana”, disse. “Mas, se uma parte desses recursos vem para cá, isso pode trazer uma pressão de apreciação sobre o câmbio indesejável”, disse. “Tomaremos todas as medidas necessárias para não deixar o câmbio apreciar ainda mais”, destacou.
Barbosa ressaltou que o governo monitora o mercado de câmbio em várias frentes, entre elas, a evolução das operações de derivativos e o próprio fluxo de capitais que ingressam no País que procuram investimentos em ativos de renda fixa, especialmente os relacionados a títulos públicos.
“Vamos ver como essa questão no futuro próximo. O que posso dizer é que medidas na área de câmbio são adotadas e depois explicadas, não são previamente anunciadas”, destacou.
Barbosa não especificou se a primeira frente de ataque do governo para evitar o câmbio apreciado seria a compra de dólares no mercado futuro ou a adoção de medidas fiscais, como as relacionadas ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Para Barbosa, a atual taxa nominal de câmbio no Brasil, de R$ 2,00 a R$ 2,05, “ainda é muito apreciada”, apesar da recente movimento de queda da cotação do real ante o dólar.”Temos um desafio que é consolidar novo patamar de juro real e evitar apreciação excessiva cambial”, ponderou.
“A taxa de juro real de 1,70% é baixa para o Brasil em níveis históricos, mas é muito alta em relação ao que existe hoje no mundo”, destacou. Entre todos os países do G-7 a taxa de juros descontada a inflação é negativa.
De acordo com Barbosa, a decisão do governo de mudar a taxa de remuneração da caderneta de poupança eliminou um “certo limite” que havia para a redução dos juros nominais no Brasil. “Sem isso, agora são as condições econômicas que determinarão para onde vão as taxas de juros”, comentou, ressaltando que a taxa de juro real no Brasil tem condições de baixar um pouco mais num horizonte de tempo que ele não especificou.
Barbosa ressaltou que o regime cambial no Brasil é flutuante e ressaltou que não sabe para onde ele vai. “Contudo, certamente não podemos deixá-lo apreciar ainda mais. O câmbio “, destacou. “O câmbio quando varia muito para baixo ou para cima é negativo para a economia”, apontou. “A taxa nominal de câmbio hoje é parecida ao que havia em meados de 2008”, destacou.
O secretário executivo não avaliou se a atual cotação entre R$ 2,00 e R$ 2,10 é objetivo do governo e se ela é confortável para lidar com a ajuda à indústria, sem provocar alta do IPCA. “O câmbio no atual patamar não traz preocupações em relação à inflação”, disse.