14 fev Jardins suspensos
Telhados “vivos” são solução cada vez mais popular para a falta de verde nas grandes cidades
por Juliana Elias
O sofisticado jardim no alto do edifício Rockfeller Center, em Nova York, na qual a onda dos tetos verdes está se popularizando/ Créditos: AFP
Que tal ter uma área verde extra onde você mora ou trabalha, um condicionador natural de ambientes e, de quebra, ajudar a reduzir enchentes, a poluição e até o calorão da cidade? Pois tudo isso é proporcionado simultaneamente pelos chamados telhados verdes, solução cada vez mais difundida em grandes metrópoles mundo afora.
O passo mais recente rumo à popularização dessa tecnologia, que você vê como funciona virando a página, foi a criação do Green Roofs Ecology, centro de pesquisas dedicado exclusivamente ao assunto, na Haifa University, em Israel. Seu foco é o desenvolvimento de telhados verdes não irrigados e de variedades de plantas mais adequadas às lajes.
Chicago, Tóquio e Toronto são cidades que já incentivam coberturas verdes, com leis específicas. Na Alemanha, líder no setor, essa indústria cresce cerca de 10% ao ano, e estima-se que 12% dos prédios do país já possuam algum tipo de vegetação no topo.
No Brasil, o avanço é tímido. A cidade pioneira é Porto Alegre, onde desde 2007 toda nova construção deve ter pelo menos 20% de sua área com vegetação. Em São Paulo, a vereadora reeleita Sandra Tadeu (DEM) propôs em 2009 uma lei que obriga esse tipo de telhado em novos empreendimentos, e espera levar o documento à votação no início deste ano.
Seria algo bem-vindo para a cidade. “Os grandes centros hoje são muito ocupados por construções, o que impermeabiliza o solo e cria ilhas de calor”, diz Maria Carolina Fujihara, coordenadora do Green Building Council Brasil, ONG voltada à difusão de construções sustentáveis.
Ela se refere à ausência de terra para absorver água e evitar enchentes, e também ao fenômeno que causa aquele abafamento incômodo nas cidades — vários estudos já detectaram que, num fim de tarde em São Paulo, a temperatura no centro da cidade é de 6 oC a 10 oC mais alta do que em regiões periféricas, como a Serra da Cantareira, pela simples falta de mato.
As únicas desvantagens são os custos de manutenção e implementação — este último é irrisório, se o telhado está previsto desde a criação do projeto de um edifício. “A cidade já está inteira construída, então o jeito é lidar com as construções”, diz o engenheiro civil Felipe Pinheiro, da Ecosapiens, que desenvolve telhados verdes. Ou seja: como não há mais espaço para fazer praças ou jardins no chão, a solução é jogar tudo para o alto. Literalmente.
Veja do que é feito um telhado verde e o que ele pode fazer por sua cidade / Ilustração: Maná E.D.I.
Fonte: Revista Galuleu