Por Marta Nogueira | Valor
RIO – O aumento dos preços dos alimentos mais consumidos por famílias majoritariamente compostas por indivíduos com mais de 60 anos foi o principal motivo pelo qual a inflação entre os idosos cresceu mais do que aquela percebida pela média da população no segundo trimestre, de acordo com o coordenador de análises econômicas da Fundação Getulio Vargas, Salomão Quadros.
Segundo dados divulgados nesta quarta-feira pela FGV, o Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i) subiu 1,39% no segundo trimestre, enquanto o Índice de Preços ao Consumidor-Brasil (IPC-BR), que mensura o impacto de preços em pessoas de todas as faixas etárias, avançou 1,15% no mesmo período. No primeiro trimestre, o IPC-3i avançou 1,33%, enquanto o IPC-BR mostrou elevação de 1,66%.
Para os idosos, os preços dos alimentos subiram 2,19% no segundo trimestre – no âmbito do IPC-BR a inflação dos alimentos foi de 1,74%. “Apesar de o grupo alimentação pesar menos para os idosos, alguns componentes desse grupo de despesa, mais consumidos pela terceira idade, apresentaram altas importantes”, explicou Quadros. O grupo alimentação tem peso de 18,50% na composição do IPC-3i e de 23,25% na composição do IPC-BR. Dentro do grupo alimentação, as hortaliças e legumes tiveram alta de 16,70% para a terceira idade, no segundo trimestre, enquanto apresentaram crescimento menor de 13,83% para a população em geral. O peso das hortaliças e legumes para a composição do IPC-3i é de 1,16%, enquanto para o IPC-BR é de 0,87%.
Outro exemplo citado por Quadros foi a inflação do subgrupo pães e biscoitos, que cresceu 2,06% no IPC-3i, no segundo trimestre, ao passo que acelerou 1,67% no IPC-BR, no mesmo período. Segundo Quadros, os idosos costumam consumir maior variedade de pães, além do tradicional francês. No segundo trimestre, o preço do pão de forma avançou 6,52% para o IPC-3i, enquanto a inflação do pão francês cresceu 1,81%.
Também a habitação contribuiu para a aceleração do IPC-3i frente ao IPC-BR. O grupo representa 31,04% da formação do IPC-3i, enquanto responde por 25,33% na formação do IPC-BR. No IPC-3i habitação foi de alta de 2,15%, no primeiro trimestre, para variação de 1,36%, no segundo, mas ainda assim seu peso foi importante. Segundo Quadros, essa classe de despesa costuma apresentar aceleração de preços mais intensa nos três primeiros meses do ano, devido a reajustes em preços administrados.
A FGV também detalhou o desempenho mensal dos indicadores inflacionários. O IPC-3i apresentou alta de 0,21%, em junho, frente à alta de 0,62% em maio. Já o IPC-BR subiu 0,11% em junho, abaixo da alta de 0,52% em maio.
Fonte: Valor