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Empresas que participaram da elaboração da ISO 26000 se reuniram em seminário organizado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV para discutir sobre os desafios que devem ser enfrentados ao incorporar a nova norma de responsabilidade social
Marina Franco – Edição: Mônica Nunes
Empresas que implantam ações de responsabilidade social receberam recentemente uma grande contribuição, a norma ISO 26000, que estabelece diretrizes para negócios focados em temas como direitos humanos, meio ambiente, envolvimento comunitário, entre outros (Leia a reportagem/entrevista ISO 26000 lança sua versão brasileira). Agora, o desafio é saber como essas organizações se adaptarão e incorporarão a nova Norma.

Para estabelecer os desafios, nada melhor do que ouvir das próprias empresas quais são suas expectativas e identificar os desafios têm pela frente. Algumas organizações brasileiras estiveram reunidas no Grupo de Trabalho, coordenado pelo GAO – Grupo de Articulação das ONGs Brasileiras, e participaram da formulação do texto normativo. O objetivo era estudar a Norma e compartilhar conhecimentos sobre o tema. Os resultados desta experiência foram apresentados por Aaron Belinky, secretário-executivo do GAO, durante o seminário Oportunidades e Desafios na Aplicação da ISO26000 nas Organizações, realizado no dia 15 pelo GVCes – Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV.

O maior desafio destacado pelo Grupo de Trabalho foi o de adaptação de ações empresariais à Norma. No caso de empresas que ainda não se relacionam com o tema, o trabalho será maior, já que têm que engajar toda sua estrutura e funcionários. Mesmo nas empresas mais envolvidas, é preciso que a ISO 26000 seja estudada e trabalhada exaustivamente a fim de disseminar esse conhecimento entre todos os profissionais.

“É preciso ler, pensar e debater”, afirmou André Leal, coordenador de Desenvolvimento Sustentável da Braskem. “Surgiram muitas questões no debate entre as empresas do Grupo de Trabalho, inclusive algumas que não estavam tão claras para nós, e elas já estão sendo trabalhadas para aplicar ao nosso trabalho”, disse. Para Juliana Rehfeld, gerente corporativa de Desenvolvimento Sustentável da Anglo American, a grande contribuição da Norma é servir de base para o debate entre os profissionais das empresas. “A maior parte das pessoas é técnica. Responsabilidade social não faz parte da discussão. Por isso, a ISO traz a grande oportunidade de promover uma discussão embasada na sua orientação. O debate não foi esgotado no grupo de trabalho, nem deve se esgotar nas empresas e setores”.

E o trabalho de envolver os profissionais começa com a alta gerência, como afirmou Simone Veltri, gerente de Responsabilidade Social da Souza Cruz. “A governança é fundamental para incluir responsabilidade social na estratégia das empresas. E começa com o engajamento da alta direção. Depois, para o estabelecimento de iniciativas socialmente responsáveis, é diluído pelas demais áreas de negócio”.

Sem dúvida, esta Norma de orientação para a responsabilidade social ajudará a motivar o setor privado a se envolver com o tema. Daí surge mais um desafio identificado pelo grupo: como comunicar de forma correta o alinhamento com os itens da ISO. Já que a Norma não tem caráter de certificação, essa representação não terá tanta visibilidade quanto oferecem os selos. E por abrangerdiversos temas, na prática é impossível que uma companhia siga a todos eles. Por isso deve ser especificado quais itens são seguidos.

Uma das formas de divulgar o seguimento da Norma pelas empresas seria declarar, no balanço de fim de ano, a forma como o instrumento as orienta. “Essa declaração não terá a cara de um relatório de auditoria, mas pode estar presente no relatório de sustentabilidade, dizendo de que forma a organização está adaptada, ou seja, quais os itens da Norma que segue”, afirmou Aaron. Uma das recomendações do Grupo de Trabalho para melhor lidar com a grande abrangência da ISO é que se crie “filhotes” da norma, ou seja, recortes de temas ou itens que a empresa pretende seguir.

O trabalho de comunicação pode dar força à valorização das partes interessadas (ou stakeholders) em ações socialmente responsáveis, como ONGs, sindicatos e grupos empresariais. Um dos aprendizados que surgiu a partir do Grupo de Trabalho foi o de que isto é mais importante do que exaltar tanto suas próprias ações. “A Norma fala que temos que aprender a lidar com a relação tensa que existe entre empresas, ONGs, investidores e sociedade. Se há algum divergência, deve-se privilegiar aquilo que contribua para o desenvolvimento sustentável”, disse Simone Veltri.

Uma vez estabelecidos os rumos para o alcance à responsabilidade social e à Norma, a próxima etapa é calcular seus benefícios econômicos. “O desafio é mensurar os investimentos em responsabilidade social. Estamos testando em algumas empresas, por exemplo, uma ferramenta que calcula a relação entre o investimento em qualidade de vida e de trabalho e o retorno de produtividade”, afirmou Sérgio Monforte , analista de Desenvolvimento Social do SESI – Serviço Social da Indústria. Além deste ramo, as empresas teriam que buscar formas de quantificar o retorno de investimentos em ações em prol de meio ambiente, direitos humanos ou questões do consumidor.

Aaron afirma que, com todo esse trabalho pela frente, a Norma resultará, inevitavelmente, na construção de uma agenda de responsabilidade social positiva para o país. Profissionais, stakeholders e empresas ganharão respaldo para as suas ações e o tema ainda teria maior visibilidade entre a mídia e a população. “Acho que o processo de desenvolvimento desta Norma também vai inspirar muitos processos de outras normas que virão pela frente aqui no Brasil”, acrescentou.

Fonte: Clique para acessar

Em sua gestão, a bióloga Izabella Teixeira, de 49 anos, ministra do Meio Ambiente, vai mirar as cidades, onde vive 80% da população brasileira. Em sua primeira entrevista após a posse, ela disse ao Valorque considera o lixo e o esgoto os dois principais problemas ambientais do país.

Nascida em Brasília e funcionária de carreira do Ibama há 26 anos, Izabella fala na necessidade de buscar consensos e convergências. É assim que enxerga as políticas de clima, de biodiversidade e de recuperação das áreas degradadas.

Braço-direito do então ministro Carlos Minc, assumiu a pasta em abril de 2010, quando ele se lançou a deputado estadual no Rio. Izabella não tem o espírito midiático do antecessor e é muito diferente da personalidade inspiradora de Marina Silva. “O Ministério tem que formular políticas com outros parceiros. Nós não fazemos nada sozinhos”, explica, em frase-síntese da marca que pretende imprimir a sua gestão.

Fonte: http://www.valoronline.com.br/impresso/primeira-pagina/3021/367205/gestao-ambiental-vai-mirar-as-cidades

O comportamento das empresas nas relações de trabalho é a ação de responsabilidade social mais valorizada pelo brasileiro. Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada pelo Instituto Akatu, em parceria com o Instituto Ethos, com 880 pessoas em 11 capitais, que mensurou a percepção do consumidor sobre a sustentabilidade empresarial. Práticas como promoção de igualdade e diversidade, adoção de políticas justas de remuneração e combate ao trabalho infantil, por exemplo, estão entre as medidas mais importantes que as companhias podem adotar para garantir a admiração dos consumidores.

De acordo com Hélio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu, as relações com os funcionários estão entre as ações mais bem avaliadas pelo fato de que a maioria dos entrevistados é composta por trabalhadores. “O consumidor tende a destacar um conjunto de práticas que dizem respeito à própria realidade”, afirma.

O item que ocupa o topo do ranking está relacionado à igualdade de oportunidades para mulheres, negros e pessoas com deficiência. Em segundo lugar, os consumidores valorizam as empresas com metas para reduzir diferenças raciais e de gênero. As políticas justas de remuneração estão na quarta posição do levantamento.

Embora sejam bem vistas pelos brasileiros, as ações relativas ao respeito com o trabalhador ainda não são efetivamente adotadas pelas companhias na mesma medida. Enquanto 80% dos entrevistados apontam que essas práticas são importantes, apenas 44% das empresas promovem ações de recursos humanos nesse sentido. “As empresas ainda pautam suas práticas em função dos valores de seus principais executivos”, diz Mattar. (VS)

Fonte: http://www.valoronline.com.br/impresso/eu-carreira/108/367023/brasileiros-valorizam-as-boas-relacoes-de-trabalho

Fonte: Folha.com

GUSTAVO PATU
SHEILA D’AMORIM

Uma das principais vitrines da campanha da presidente Dilma Rousseff, o programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida” desembolsou no ano passado pouco mais de um quinto do total disponível no Orçamento.

Os dados, fechados ontem no sistema de acompanhamento dos gastos do governo, ajudam a dimensionar o atraso no cronograma oficial –no mês passado, o governo anunciou ter fechado 1 milhão de contratos de financiamento imobiliário, mas sem detalhes quanto ao andamento das obras.

Quando lançou o programa, durante a crise econômica de 2009, foi prometida a construção desse número de moradias, sem prazo definido. Segundo balanço obtido pela Folha, atualizado até 27 de dezembro, apenas 230 mil casas e apartamentos foram efetivamente entregues.

O desempenho do “Minha Casa” comprometeu os resultados totais do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que reúne os investimentos considerados prioritários pelo governo.

Destinada a financiar a construção e a aquisição de moradias para famílias com renda de até R$ 4.650 mensais, a iniciativa foi contemplada com R$ 7,3 bilhões na lei orçamentária de 2010. Desse total, apenas R$ 1,6 bilhão (22%) foi gasto de fato.

O restante do PAC, composto majoritariamente por obras públicas em rodovias, ferrovias, portos, saneamento e urbanismo, teve taxa de execução de 82%. Com o “Minha Casa”, a execução total caiu para menos de 70%.

Procurada pela Folha, a Caixa, principal agente do programa, afirmou que considera as metas cumpridas em razão das unidades contratadas, independentemente da execução orçamentária.

Embora tenha papel decisivo no programa, o dinheiro do Orçamento –ou seja, da arrecadação de impostos– não é utilizado diretamente nos financiamentos para aquisição de moradias.

A maior parte dos recursos é repassada para bancos ou fundos públicos, para permitir a concessão de financiamentos com juros abaixo dos do mercado. Em outras palavras, são subsídios liberados em benefício dos tomadores de empréstimos, à medida que os contratos avançam.

A Caixa disse não ter dados disponíveis para avaliar a relação entre a baixa execução orçamentária e o estágio dos contratos.

O balanço obtido pela reportagem aponta que, até o dia 27, a contratação somava pouco menos de 940 mil moradias. As mais de 60 mil restantes, portanto, deveriam ser contratadas nos últimos quatro dias do ano.

Fonte:

http://www1.folha.uol.com.br/poder/856272-minha-casa-minha-vida-usa-apenas-22-de-verba-do-orcamento.shtml

As dores do crescimento acelerado do mercado imobiliário chegaram ao coração da construção civil – as obras. Há um problema, quase generalizado, de estouro de prazos e, em muitos casos, de orçamento. Tudo isso porque o cérebro também padece. A falta de engenheiros seniores nos canteiros, que tiveram de assumir posições mais estratégicas, promoveram a ascensão de recém-formados para a coordenação das obras. Só nos últimos dois anos, o volume de obras foi multiplicado por seis vezes. O efeito colateral desse aumento quase exponencial do setor e dos seus desafios é a procura pelo gerenciador de obras, uma espécie de auditor da construção civil.

Com a entrada maciça no setor imobiliário de investidores com perfil financeiro, como fundos imobiliários, fundos de pensão e fundos de private equity – tanto nacionais, quanto estrangeiros – houve um aumento da procura por esse tipo de serviço. “Se estourar prazo e custo, há uma redução na margem dos fundos”, diz Roberto de Souza, sócio da CTE, empresa de gerenciamento de obras e consultoria, que cresce a uma taxa de 40% ao ano desde 2007. “Os investidores estão preocupados em minimizar os riscos técnicos”, acrescenta. O desembolso de caixa fora do planejado é considerado muito sério.

Segundo Hernani Varella Júnior, da Tallento Engenharia, que já gerenciou 130 empreendimentos, os investidores – especialmente os estrangeiros – sentem falta de uma auditoria financeira, transparência dos números e índices que permitam medir a eficiência (ou não) do projeto.

Quem também contrata o gerenciador de obra são as próprias incorporadoras – que nem sempre atuam como construtoras. Tanto as companhias que terceirizam o serviço, quanto as que têm as próprias construtoras, mas fecham parcerias com companhias locais para atuar fora de São Paulo, começam a procurar o gerenciamento de obras. “Conhecer as regionalidades é importante e faz diferença: em Belém, por exemplo, chove de três a quatro meses por ano”, diz Varella. “Tudo isso impacta os prazos e custos.”

Varella mostra uma tabela de várias obras, com controle de orçamento, prazo e qualidade. Na coluna de prazos, 90% aparecem com um sinal vermelho. No resto, uma mescla de bolinhas amarelas e verdes. “Obra é como maratona, o começo é difícil, mas depois vai mais fácil”, diz. “Mas, se parar no meio, precisa voltar ao zero, porque perdeu a equipe que já estava treinada e afinada”, explica. Nos cálculos de Varella, um mês de obra parada exige dois a três meses para retomar.

Além do controle de custos – que sempre foi o foco desse tipo de trabalho – agora a atenção voltou-se para o atraso e a qualidade, que também começa a se tornar um problema sério. Segundo um executivo do setor, a maioria das incorporadoras não poupa esforços para vender, porque venda é receita. “Mas obra é vista como custo e tudo o que está ligado a custos precisa ser cortado, acreditam algumas empresas”, diz. E isso acaba tendo reflexos nos atrasos e na qualidade.

Na sua opinião, a demora na entrega dos imóveis não está na falta de materiais. Não há problema de fornecimento, garante. Mão de obra, sim, é problema, mas não chega a ponto de atrasar uma entrega nas proporções que estão sendo vistas. Durante a crise, faltou dinheiro, e os recursos provenientes das vendas foram usados para outros fins – que não a própria obra. Agora, esses empreendimentos, que demoraram mais de um ano para sair do chão, estão no auge do atraso. E tempo perdido não volta.

O ponto principal está na falta de mão de obra especializada. As empresas entraram numa nova escala de obras e não há formação de engenheiros civis na mesma proporção. “Os engenheiros experientes foram para a diretoria e coordenação”, diz Roberto de Souza. Os engenheiros juniores, recém-formados e com pouca experiência, acabaram assumindo as obras. Começam como estagiários e, assim que se formam, já coordenam uma obra – algo que antes só acontecia depois de cinco a dez anos de experiência. O problema é que os projetos hoje são muito maiores e mais complexos, erguidos em terrenos grandes e com várias torres.

“Apontar o problema é muito simples, mas tem de trazer soluções”, diz Eduardo Zaidan, diretor do SindusCon. “Gerenciador nenhum consegue recuperar obra atrasada”, diz. Por isso, conta Zaidan, o importante é que o serviço seja contratado na fase do projeto. Na sua avaliação, trata-se de um serviço importante por trazer uma visão diferente para o canteiro e, como exige prestação de contas, faz com que a equipe trabalhe mais vigilante.

As próprias gerenciadoras concordam que o trabalho deve começar do projeto. Entre as soluções apontadas no meio do caminho, dizem, estão a redução de desperdício e do chamado retrabalho, além da compra de materiais de construção importados e do treinamento da mão de obra. “Fomos à China cadastrar fornecedores, como cerâmica, porcelanato, pastilha de fachada e esquadrias”, conta Varella, da Tallento. Já houve casos de importação de aço do Leste Europeu.

Fonte: http://www.valoronline.com.br/impresso/cte/56103/348211/gerenciador-assume-papel-de-salvador

Para gerenciar uma obra, o engenheiro precisa ser experiente e isso significa mais de 15 anos de atuação. É necessário ter algumas obras no currículo e o ciclo de cada projeto é de pelo menos três anos. E, claro, ainda existe o problema da falta de mão de obra especializada que acomete o setor e que também bate à porta das empresas de gerenciamento de obras.

Mas com um agravante: precisam competir com as companhias de capital aberto, que são muito maiores, e geralmente oferecem remunerações mais altas e planos de ações. Se a vantagem não estiver no salário, está na contratação. Nas grandes empresas, os profissionais têm carteira assinada, o que nem sempre acontece em uma empresa de menor porte.

Segundo o Valor apurou, um engenheiro pleno, que não ocupa um cargo de diretor, tem salário de cerca de R$ 16 mil por mês – o que custa o dobro para a companhia no regime CLT.

“A falta de engenheiros limita muito o nosso trabalho, porque para atuar como gerenciador de obras são necessários, no mínimo, 15 anos de experiência”, diz Salim Lama Neto, da MHA Engenharia, que tem cerca de 70 projetos em andamento e atua nas áreas hospitalar, industrial e de shopping center.

Para reter profissionais, a CTE, com 130 funcionários, investe em um programa de aperfeiçoamento, que paga 50% de cursos, e adotou uma política de remuneração variável. “Atualmente, temos distribuído 40% do nosso lucro e temos conseguido manter uma rotatividade baixa”, diz Roberto de Soza, sócio da empresa. (DD)

Fonte:http://www.valoronline.com.br/impresso/empresas/102/348225/companhias-enfrentam-falta-de-engenheiros-experientes