07 dez Preço da nafta atinge a maior alta puxado por petróleo e demanda
Os preços da nafta, uma das principais matérias-primas básicas para a produção de resinas termoplásticas, atingiram no início deste mês a maior alta pós-crise financeira global, que teve início em setembro de 2008. O aumento reflete a recuperação dos preços do petróleo e a boa demanda no mercado internacional, puxados pelos países emergentes, como Brasil e China.
A valorização da commodity acumulada nos últimos 12 meses atingiu 18,6% – nos últimos 24 meses foi de 287%, segundo levantamento do Valor Data. Ontem, a cotação da nafta ARA, com base nos portos europeus (Antuérpia, Roterdã e Amsterdã), região importadora, fechou a US$ 836 a tonelada, de acordo com levantamento da Bloomberg. O último maior pico foi de US$ 844 em 29 de setembro de 2008.
A recuperação dos preços da nafta começou com maior vigor a partir de novembro e a expectativa é de que as cotações fiquem estáveis nesses patamares firmes nas próximas semanas, afirmou Otávio de Carvalho, diretor da consultoria petroquímica Maxiquim.
O Brasil importa cerca de 35% da nafta que as indústrias consomem. As compras dessa matéria-prima estão sendo feitas, em média, com um mês de antecedência. A Braskem domina este mercado no país. Os 65% restantes são adquiridos pela petroquímica nacional da Petrobras.
Com o ritmo lento de crescimento de importantes mercados consumidores de nafta, como Estados Unidos e União Europeia, analistas apostavam que os preços da matéria-prima não teriam muito fôlego para subir, segundo Carvalho. “As cotações chegaram a apresentar um descolamento entre o petróleo e nafta em parte do terceiro trimestre deste ano, com a queda da commodity, mas a correlação entre os dois produtos voltou.”
Ontem, as cotações do petróleo Brent fecharam a US$ 91,53 o barril (segundo contrato). Nos últimos 12 meses, as cotações do óleo acumulam alta de 16,75% – em 24 meses apresentam valorização de 117,3%. As recentes altas refletem as políticas americanas de estímulo à economia, o que deverá elevar o consumo de combustíveis naquele país.
As indústrias de transformação, a chamada terceira geração da petroquímica, têm expressado nos últimos meses preocupação com o rumo do setor, uma vez que parte do segmento está perdendo competitividade, afirmou José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria de Plásticos). “Há um crescimento significativo da importação de produtos prontos”, afirmou. Agora, com a elevação dos preços de uma das principais matérias-primas do setor e a expectativa de que as cotações se mantenham firmes, a apreensão se acentuou.
Dados da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química) mostram que o índice de produção de matérias químicas de uso industrial, de acordo com informações ainda preliminares, registrou aumento de 6,98% em outubro – o melhor patamar de toda a série iniciada pela entidade. Uma parcela importante desse bom desempenho é atribuída à demanda mais forte em diversos segmentos consumidores de produtos químicos, além de melhor rendimento na produção atribuído ao recebimento de matérias-primas de melhor qualidade.
A melhora na demanda no país também pode ser constatada pela elevação do volume importado, que cresceu 14,8% em outubro sobre setembro. Em outubro, o índice de preços das vendas internas subiu 1,15% sobre o mês anterior, o segundo resultado positivo consecutivo, refletindo o comportamento do mercado internacional. No acumulado de janeiro a outubro de 2010, sobre igual período do ano passado – marcado ainda pelos reflexos negativos da crise – registrou 8,57% de aumento de produção e 9,81% de preços.
O índice de utilização da capacidade instalada do setor petroquímico atingiu 90% em outubro, o mesmo percentual atingido no mesmo mês do ano passado, mas sete pontos percentuais acima da média de setembro. Segundo a Abiquim, todos os grupos analisados, sem exceção, melhoraram os níveis de operação – os destaques ficam para segmentos intermediários para detergentes, que operou a plena carga, e solventes industriais e produtos petroquímicos básicos, ambos trabalhando com 96% de carga. Além disso, cloro e álcalis e intermediários para fertilizantes operaram a 90%. De janeiro a outubro de 2010, a taxa média de utilização da capacidade atingiu 84%, quatro pontos acima do mesmo período de 2009.
Fonte:
http://www.valoronline.com.br/impresso/braskem/1884/348213/preco-da-nafta-atinge-a-maior-alta-puxado-por-petroleo-e-demanda