07 fev Produção de veículos tem recorde em janeiro
Ainda assim, volume continua inferior ao de vendas
GIOVANNA RIATO, AB
A produção de veículos alcançou volume recorde para o mês de janeiro, com 279,3 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Houve expansão de 7,7% sobre dezembro de 2012 e de 31,9% em relação ao mesmo mês daquele ano, segundo dados da Anfavea, associação dos fabricantes do setor. Em coletiva de imprensa na quarta-feira, 6, a entidade comemorou o resultado e afirmou que a expansão indica que as fábricas estão retomando o ritmo. “O ano começou muito bem em produção de veículos”, comemora Cledorvino Belini, presidente da organização.
-Veja aqui os dados da Anfavea.
A comemoração do executivo perde o sentido quando o resultado é comparado ao volume de veículos vendidos no mês, que foi 10,3% superior ao total produzido, chegando a 311,4 mil unidades (leia aqui). A diferença reflete a expressiva participação dos carros importados no mercado interno. Os modelos trazidos do exterior responderam por 21,8% das vendas no País em janeiro, com avanço de 1,8 ponto porcentual sobre o registrado em 2012. Essa diferença não foi compensada pelas exportações, que iniciaram 2013 com queda de 12% sobre dezembro, com 36,2 mil unidades.
O resultado mostra que os importados continuam abocanhando parcela importante do mercado nacional apesar das medidas para conter essa evolução, como o aumento de 30 pontos porcentuais do IPI para veículos trazidos de fora do Mercosul e a renegociação do acordo com o México.
A produção precisa recuperar a perda registrada em 2012, que terminou com retração de 1,9% ante o ano anterior, com 3,34 milhões de unidades. O número foi inferior ao projetado pela Anfavea e representou ainda a primeira retração desde 2002.
A Anfavea ressalta que, apesar da queda no número de veículos fabricado no Brasil, as montadoras ampliaram o quadro de funcionários no País, que chegou a 150,9 mil pessoas em janeiro. Dados da organização indicam que foram contratados 5,9 mil trabalhadores no último ano.
SEGMENTOS
Os veículos comerciais foram os principais responsáveis pelo aumento da produção. Com 12,7 mil caminhões em janeiro, houve expansão de 42,7% sobre o ano anterior e de quase 270% sobre o mesmo mês do ano passado. Já a fabricação de ônibus avançou para 19,5% na comparação mensal e quase 190% na anual, para 3,1 mil chassis. Os saltos nos dois segmentos acontecem sobre uma base de comparação fraca, já que a produção de 2012 foi profundamente afetada pelo início do Euro 5.
Já a produção de automóveis e comerciais leves teve crescimento de 7,7% ante dezembro, para 263,5 mil unidades. O volume representa ainda aumento expressivo de 31,9% em relação ao mesmo mês de 2012.
FÁBRICAS AQUECIDAS
Mesmo diante da presença significativa dos veículos importados no mercado brasileiro, a Anfavea projeta que 3,49 milhões de veículos saiam das linhas de montagem do País este ano, o que representaria crescimento de 4,5% na comparação anual. Um dos fatores que puxarão esta evolução é o aquecimento das vendas, impulsionado por descontos no IPI, que voltará de forma escalonada até o fim de junho.
“Muitas empresas até cancelaram as férias coletivas de janeiro para atender a demanda e regular os estoques”, conta Belini. Levantamento da Anfavea indica que o nível de veículos armazenados na indústria e rede de concessionárias subiu de 24 dias em dezembro para 29 dias em janeiro, com 298 mil unidades.
Depois do aquecimento da produção no mês passado, Belini espera queda para fevereiro, que terá redução dos volumes de vendas como reflexo do Carnaval. Além disso, o executivo afirma que algumas montadoras que cancelaram as férias coletivas de janeiro transferiram a parada dos funcionários para este mês, prevendo redução da demanda.
O ritmo aquecido deve ser retomado em março, com a proximidade do fim da redução do IPI. O presidente da Anfavea acredita que a maior parte das fabricantes trabalhará para formar estoques de veículos com o desconto no tributo.
AUMENTO DA CAPACIDADE PRODUTIVA
Cledorvino Belini destaca o aumento da capacidade produtiva das fábricas instaladas no Brasil e a chegada de novas empresas como mais um fator capaz de acelerar a produção nacional. Até o fim deste ano, começam a operar as novas plantas da chinesa Chery e da marca holandesa de caminhões DAF. Há ainda uma série de expansões que serão concluídas no período.
A Renault termina neste mês a reestruturação de sua fábrica no Paraná, que aumentará a capacidade da planta em 100 mil veículos por ano. PSA Peugeot Citroën, Volkswagen e MAN também estão concluindo investimentos para elevar os volumes de fabricação no País. Somado a isto está o anúncio da General Motors da abertura do terceiro turno de produção em Gravataí (RS) e o primeiro ano cheio de produção da planta da Hyundai em Piracicaba (SP) e da Toyota em Sorocaba (SP).
Fonte: Automotive Business